quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Yoga: uma jornada interior.

Todos buscam algo – como se faz isso, qual o porquê disso... Até mesmo pela perpetuação das espécies estamos instintivamente buscando sempre um parceiro (a) que nos permita ser imortais através das nossas proles. Mas por que fazemos isto? Por que a busca é constante e está presente em todos os Reinos da natureza? Algumas de nossas buscas nos levam a um entendimento ainda mais profundo, a compreensão do ser, da alma, uma investigação constante em querer compreender o “Eu”. Grandes mestres e filósofos de todas as eras chegaram a uma conclusão muito similar: a busca do homem de um modo geral é pelo estado do Ser realizado, pela liberdade de Ser livre. “Pergunte quem eu sou, conheça a ti mesmo e seja livre” (Swami Sivananda Saraswati).
O início de qualquer jornada espiritual é marcado com uma pergunta simples, porém complexa. Quem eu sou? Fugimos disso por toda a vida; descobrir quem somos pode trazer muita responsabilidade. Para o intelectual, esta resposta é fácil, afinal, se racionalizar, o ser e o estar acabam quase sendo a mesma coisa. Em uma recente pesquisa foi demonstrado que estamos cada vez mais perdendo nossa identidade individual. A pergunta era: Quem é você? Os entrevistados respondiam, quase que em sua maioria, seus nomes e de quem eram filhos. Outros diziam: sou fulano da empresa tal, e alguns chegavam a mencionar seus cargos, o nome da empresa, mas se esqueciam de dizer o próprio nome. A vida é composta por períodos que estão em constante mudança. Entender a diferença entre “quem somos” e “quem estamos” pode ser uma ótima maneira para tornarmos aquele estado de liberdade mais plausível.
Por volta de 2.300 a.C., um grande filósofo ofereceu um método completo por meio do qual cada indivíduo pode se desenvolver e atingir a união interior. Patanjali, como era chamado, transformou o Yoga, que já existia há milênios, em uma metodologia arraigada de conhecimento, um meio para que, pela disciplina e prática, o entendimento de quem somos venha espontaneamente acontecer e o estado de paz interior finalmente possa ser vislumbrado.
Patanjali percebia que a mente se deixa atrair por coisas vistas ou ouvidas e que assim são criadas flutuações ou ondas de pensamentos que nos desconectam de nossa verdadeira essência. Cada pensamento gera um sentimento que aprisiona o “Eu” no passado ou no futuro, em algo que aconteceu ou que poderá acontecer. Se tivermos pensamentos bons, sentimos-nos felizes, pensamentos ruins trazem tristezas. Os nossos pensamentos criam nossa realidade. Estamos pensando todo o tempo, a mente está em flutuações constantes. “Yogaschitta Vrtti Nirodhah” – em Sânscrito esse é o termo para o que de fato é Yoga, o estado de contenção (nirodhah) das flutuações (vrttis) da consciência (citta). Para que este estado possa ser experienciado, a mente deve estar atenta, concentrada e inteira na ação. O Yoga oferece vários métodos para impedir essas flutuações da mente, adaptando-os às diferentes capacidades dos indivíduos e aos seus diferentes níveis de desenvolvimento. Por isso, todos os que praticam Yoga podem alcançar a integração entre corpo, mente, alma, e perceberem que a vida continua da mesma forma, mas internamente a maneira de enxergá-la pode ter mudado.
Talvez o maior presente que o Yoga nos dá é uma mente mais serena e tranqüila, permitindo-nos sair do automático “estar” para o consciente “ser”, escrevendo nossa história em nossa única realidade palpável que é chamada de “momento presente”.
Quem Você é? A resposta só você poderá descobrir.
“Das flutuações à quietude, da quietude ao silêncio, do silêncio ao vislumbre da alma. Assim transcorre a jornada do Yoga” B.K.S. Iyengar.
Namaste


Thiago Castillo Salin é professor do Espaço BioNathus, tem formação internacional de Yoga na Índia, é biólogo, e atua como consultor em qualidade de vida nas empresas.

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